Herbert Macário: maio 2008

Petrópolis, RJ
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A exposição “Árvores – Face, Corpo e Pequenos Gestos” é uma antologia afetiva. O tema “Árvores” é recorrente em minha coleção, são registros de viagens ou do cotidiano. As fotografo sempre, sistematicamente, uma singularidade que me encanta. Entretanto, não sou biólogo nem botânico, desconheço seus nomes científicos e em geral os populares também. As imagens aqui expostas são de um andarilho que gosta de dormir sob a sombra viva de uma árvore. E neste sentido, procuro enfatizar uma preocupação. Hoje, finalmente, muitos estão acordando para questões sobre o meio ambiente, como a falta de recursos hídricos, o Efeito Estufa, a Inversão Térmica e tantos outros fenômenos, causados principalmente pela ação do homem. É um fato inquestionável que toda árvore é um ser vivo. No entanto, habitualmente isso parece ser esquecido. Muitas vezes, a flora de nosso planeta torna-se invisível a alguns olhos ou simples matéria-prima para tantos outros. Nas fotos procuro capturar não só sua beleza aparentemente imóvel, mas também seus suaves movimentos, que na correria diária passam despercebidos. Na maioria das vezes, árvores são usadas como coisas para encostar objetos ou para pregar outras coisas ou ainda, atualmente, muitos acreditam que são coisas que “produzem” oxigênio. Talvez pela “aceleração” do mundo em que vivemos, torna-se difícil pensar como um jovem carvalho de 80 anos e praticamente impossível perceber o movimento presente em raízes que levantam calçadas, por exemplo. As árvores vivem numa outra escala de tempo, regido por pequenos gestos. A exposição procura retratar habitantes. Faço uma abordagem fotográfica direta, clássica e documental. Não utilizo efeitos em minhas imagens, minha intenção é provocar um estímulo à reflexão através do olhar imediato. A preocupação ecológica não deve ser vista apenas como um ato de sobrevivência. Porque esse tipo de pensamento remete mais uma vez ao objeto de uso. Procuro mostrar que somos co-habitantes e árvores não são objetos. A exposição é o trabalho de alguém que coleciona faces amigas e admira a força de seus corpos em pequenos gestos.

Herbert Macário